Nomes do Flamenco - Carmen Amaya
Carmen Amaya é considerada por muitos uma das maiores dançarinas de flamenco que já existiu. Durante o auge de sua carreira, nos anos 1940 e 1950, ela se tornou um ícone cultural internacional, que combinava fúria com ternura – uma mulher selvagem e exótica com um orgulho feroz da Espanha e um espírito gitano incontrolável. Carmen começou sua carreira ainda criança, quando tinha apenas 4 anos de idade. E por toda a sua infância ela se apresentou ao lado de seu pai em tabernas e salões artísticos de Barcelona, cidade onde nasceu. Em sua adolescência ela já estava no caminho de se tornar um sucesso internacional. O período “masculino” de Carmen Amaya se refere à primeira fase de seu baile, que rompeu com muitas das tradições do velho flamenco que era dançado nas festas. Muito da tranqüilidade, da ênfase absoluta na feminilidade por meio do movimento fluido dos braços, das mãos e torso superior foi substituído pelos desplantes e pela “máquina de sapateado”, pela força, pelo impulso e pelo entusiasmo. Carmen pode não ter sido a primeira a se vestir como homem para dançar, mas certamente foi aquela que obteve maior eficácia nesse estilo. A ausência das curvas femininas em seu corpo e suas pernas de aço, somados à sua fúria e sua natureza dominadora quando subia aos palcos, foram elementos que se adaptaram com perfeição ao tipo de dança masculina. Quando dançava, independente do estilo, havia verdade, integridade e beleza em seu baile. Ela sempre foi genuína. Pilar López afirmava que não suportava bailaoras usando trajes masculinos, com exceção de Carmen Amaya. Muitos tentaram e ainda tentam, em vão, copiá-la. Sua dança era muito extrema, muito particular para ser imitada. Com a guerra civil espanhola, na década de 1930, ela passou a viajar por vários países e alcançou bastante sucesso nas Américas. Ela fez filmes em Hollywood, se apresentou na Broadway, dançou para Roosevelt e Churchill, e rodou o mundo, sempre acompanhada do fabuloso guitarrista Sabicas. Conforme ela foi amadurecendo, seu estilo masculino foi gradualmente cedendo espaço para outras tendências. Carmen passou a adicionar alguns elementos de feminilidade ao seu baile, utilizando braços e mãos mais tranqüilos, deslocando o fogo e a paixão para um plano mais sutil, menos perceptível a primeira vista. Porém, seu público, acostumado ao espírito inquieto e valente dos velhos tempos, resistiu às mudanças. Ela foi demandada, até mesmo no fim de sua vida, a preservar as voltas rápidas, os movimentos selvagens, o sapateado e os pitos idênticos aos do baile masculino. Apesar de todo triunfo internacional, Carmen Amaya sempre permaneceu fiel à sua herança cigana. Durante toda sua vida artística, a maior parte de seu tempo era passado ao lado de sua família. Faleceu aos 50 anos, devido à falência dos rins, em sua cidade natal – Barcelona.
Comentários
Vc tem, Pat, gravações dessa outra etapa mais "tranquila"?! rs
Já li também (acho que entrevista de uma sobrinha-neta dela) que o baile foi que garantiu alguns anos a mais de vida a Carmen Amaya devido ao sério e crônico problema renal que tinha desde jovem.
O esforço, o suor, ajudaram - de alguma forma - a eliminar em parte as toxinas que os rins não conseguiam. Fiquei impressionada com isso ... (será que é mesmo verdade?)
Ela deu nova vida ao flamenco e , literalmente, viveu por ele.
Besitos